sexta-feira, 22 de abril de 2011

O milagre do bar da Elisa.

Eu faço tudo que posso para ser feliz mas as vezes a vida inesperadamente surge vestida de morte e muda o tom de Sol maior para um menor Si.
Para esses e todos os outros dias guardo algumas coincidências no bolso e me convenço que há razão para o que há de vir.

Venha a vida e a morte,venha qualquer sorte que estou cheio de acasos calmos e desesperados,verdades tão mentirosas e saborosas quanto um doce salgado.
Venha,pois se nada vier de que valem minhas coincidências,de que vale a minha fé guardada no bolso esperando um milagre da providência?

Que venha e que vá pois nesse vai e vem eu só temo a morte quando me sinto infeliz.
Nas horas vagas eu a trato como companheira,aqui,entre goles e tragos e uma canção ao fundo que não fui eu quem fiz.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Esta Vida. (de Guilherme de Almeida)

Um sábio me dizia: Esta existência,
não vale a angústia de viver.
A ciência, se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo.
E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um monge me dizia: Ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um pobre me dizia: para o pobre
a vida é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus?... eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.

Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
Um telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

...

"Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas."
Platão

domingo, 10 de abril de 2011

Primeiras flores.

Hoje eu me lembrei da primeira flor.
Era uma flor tão vermelha que as outras naquele bouquet de amores tão vermelhos nem pareciam ser...
E tão vermelhas quanto os amores que imaginei, eram as flores, eram vermelhas as cores e as rosas que escolhi para você...
Eram rosas.

sábado, 9 de abril de 2011

Pequenos choques que arrepiam a pele das pessoas.

Começa ali, naquele lugar tão diminuto que pouco se pode sentir,
Quase um nada tão pequeno que morre num momento ou erradia para explodir.
Na velocidade e força de uma célula que trabalha sem se distrair,grão não tão primordial como os grãos menores,mas feito deles faz-se existir.
Ora faz o pensamento ora o pensamento o faz nascer,do pequeno grão primordial até a pele a se aquecer,
E essa tez que nos limita cria horizontes para fazer,além da pela aquecida,o espírito transceder.

Nas solas e palmos,em olhos intensos e calmos faz contato com o resto tão imenso de tocar,como semente pequena sob o sol que abraçada pela terra e molhada pela chuva, cresce em vida para respirar.
Eis nessa força invisível o milagre da vida.
Eis o poder daquilo que não se vê.