quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Precipitação.

Porque quando chove nascem flores e estas recheiam travesseiros e bonecas de pano... Para deitar e sonhar são flores que não são mais flores e sim sentimentos para descansar...

Boa Noite Cheiro de Orvalho.
Boa Noite meu sonolento rimar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Perdão.

O perdão vem de uma vez ou vem de vez em quando.
Ele vem veloz num raio ou lento fogo brando.
O perdão não é um desejo...
Ele existe apenas quando é feito de si mesmo.

Perdoe a si e estará perdoado.

domingo, 24 de julho de 2011

Miragem

Ontem vi uma miragem,que estava de passagem e eu fiquei feito paisagem vendo ela ali ir...
Ir veloz como a tarde para a noite que chegasse a fizesse lentamente,bem aos poucos se esvair.

Mesmo fosse de verdade,um olhar ela deixaste e eu chego a conclusão...
Ontem vi uma miragem,entre as brumas da saudade,foi real para minha mente e também ao coração.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Guerra Calma.

O silêncio é a coisa mais forte que um homem pode dominar.
Mais forte que o próprio coração que nem a tristeza mais profunda pode calar.
Ele não fala por si só,ele apenas quase é e basta.

É dali que vem sua força,deste ser quase não sendo.
Da ação passiva frente ao fato acontecendo.
Seu poder está na mudança que faz sem agir.
O silêncio faz as coisas mudarem por si.

Aquele que o domina pode ser considerado um sábio,
pois certamente conheceu todo o verbo antes de silenciá-lo.
E sábio ainda pois entende que o silêncio não serve apenas a sua própria verdade,
mas que pode protegê-lo quando a mentira for sua realidade.

O silêncio tem o poder de derrotar quase tudo.
Ora feito arma,ora feito escudo.
E ele não serve apenas ao propósito da vitória,
pois essa muitas vezes se perde no barulho da História.

Ele serve também a derrota,seu aprendizado e todas outras coisas que um homem sábio em seu silêncio possa lembrar.
O único inimigo que ele não sobrepuja é o próprio homem que não aprendeu a hora de calar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O milagre do bar da Elisa.

Eu faço tudo que posso para ser feliz mas as vezes a vida inesperadamente surge vestida de morte e muda o tom de Sol maior para um menor Si.
Para esses e todos os outros dias guardo algumas coincidências no bolso e me convenço que há razão para o que há de vir.

Venha a vida e a morte,venha qualquer sorte que estou cheio de acasos calmos e desesperados,verdades tão mentirosas e saborosas quanto um doce salgado.
Venha,pois se nada vier de que valem minhas coincidências,de que vale a minha fé guardada no bolso esperando um milagre da providência?

Que venha e que vá pois nesse vai e vem eu só temo a morte quando me sinto infeliz.
Nas horas vagas eu a trato como companheira,aqui,entre goles e tragos e uma canção ao fundo que não fui eu quem fiz.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Esta Vida. (de Guilherme de Almeida)

Um sábio me dizia: Esta existência,
não vale a angústia de viver.
A ciência, se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo.
E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um monge me dizia: Ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um pobre me dizia: para o pobre
a vida é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus?... eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.

Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
Um telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

...

"Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas."
Platão

domingo, 10 de abril de 2011

Primeiras flores.

Hoje eu me lembrei da primeira flor.
Era uma flor tão vermelha que as outras naquele bouquet de amores tão vermelhos nem pareciam ser...
E tão vermelhas quanto os amores que imaginei, eram as flores, eram vermelhas as cores e as rosas que escolhi para você...
Eram rosas.

sábado, 9 de abril de 2011

Pequenos choques que arrepiam a pele das pessoas.

Começa ali, naquele lugar tão diminuto que pouco se pode sentir,
Quase um nada tão pequeno que morre num momento ou erradia para explodir.
Na velocidade e força de uma célula que trabalha sem se distrair,grão não tão primordial como os grãos menores,mas feito deles faz-se existir.
Ora faz o pensamento ora o pensamento o faz nascer,do pequeno grão primordial até a pele a se aquecer,
E essa tez que nos limita cria horizontes para fazer,além da pela aquecida,o espírito transceder.

Nas solas e palmos,em olhos intensos e calmos faz contato com o resto tão imenso de tocar,como semente pequena sob o sol que abraçada pela terra e molhada pela chuva, cresce em vida para respirar.
Eis nessa força invisível o milagre da vida.
Eis o poder daquilo que não se vê.

quarta-feira, 30 de março de 2011

...

...não importam os segundos,as horas,os dias e os anos.Não importa o tempo...as células que se desgastam e se refazem,estão distraídas trabalhando sem olhar para o relógio...

terça-feira, 29 de março de 2011

Ménage à trois.

Naquela casa moravam apenas três.
Ela,ele e a decepção.
Ela o amava e ele amava ela.
A decepção nada amava e esperava,esperava e esperava.

Ele perto da decepção a amava mais e ela perto da decepção fingia que tanto faz.
A decepção perto dos dois se decepcionava em paz.
Dois dali saíram e agora naquela casa mora apenas a decepção.
Ela e ele partiram em bodas para celebrar sua solidão.

sábado, 26 de março de 2011

Dissipação

Quando vi estava ali e incerta era a certeza ,era apenas o pedaço de um começo que começava a existir.
Era um aquilo daquilo que surgia,pedaço inerente ao que se repartia e que pensava sem elocubrar,raciocinando o que sentia pois era tudo que sabia sem definir ou especificar.

Isso sei pois o pouco que sei hoje não foi muito além daquele momento,era o que era, sou o que sou e o futuro é pensamento.
Entre calor e frio com transpirações e arrepios visto agasalhos e desnudo os sentidos,pois mesmo sendo e querendo,para o que acontece e está acontecendo dependo só do que preciso.

Contínuo e ritmado sigo incerto sempre estando lá ,sei que sou e sei que vou,vou e sou como o ar.
Carregado de poeira e de cheiros que não se podem enxergar,sou tão breve que já fui e quando sou vou dissipar.

terça-feira, 22 de março de 2011

...

Um jardim precisa de boa terra,luz,água abundante e quiçá um Jardineiro.A chuva,o vento,os pássaros,as borboletas e as abelhas podem substituí-lo.

Verso de fada.

Quando acordei parecia que estava num sonho,
ao lado uma bela mulher e o meu teto um castelo de ouro.

Tomado por uma sensação leve assim me levantei,
tão leve foram meus passos que ela ficou e eu despertei.

Fazia um silêncio que escondia discretamente apenas dois sons,
lá fora um canto de passáros e dentro sua respiração.

Um vai e vem de brisas refrescando o amanhecer,
que revelado pelas cortinas fez sua face estremecer.

Qual seria o seu sonho e por que ainda não despertava?
Aos poucos a luz era muita e a hora também nos chamava.

Seriam as outras manhãs melhores que aquela?
Seria mesmo um sonho ou apenas a beleza dela?

Talvez fossem meus olhos revelando parte do que sou.
Guardei aquele momento,beijei sua boca e então ela acordou.

Bom dia!

segunda-feira, 21 de março de 2011

A noite negra da alma.

Anoitecer.

Uma vez me apaixonei mas estava enganado,não era paixão alguma,era meu ego desesperado.
Ela se foi junto com a minha suposta calma,fiquei eu e meu ego desesperado,sozinhos na noite negra da alma.
Escravo da minha tristeza não podia mais me enganar,fui obrigado a encarar minhas fraquezas para recomeçar a acreditar.

Madrugada.

Com a fé abalada tratava minha ferida,que a cada noite curada,amanhecia em carne viva.
Assim fui entre batalhas sem vencedor,somente eu,derrotado pela paixão que chamava de amor.
Enxergava ainda o horizonte e ele estava perto,sufocando meus passos errantes com um inevitável cenário deserto.
O fim , o meio e o recomeço ditava a luta contra meus golpes ideais.
E cansadas as minhas idéias,entreguei a espada mas a guerra jamais.

Amanhecer.

Passaram-se tempos que não eram dias e nem eram horas,aos poucos ontem e amanhã se transformaram em agora.
Surgia a aurora.
Encontraria minha calma buscando minha verdadeira vontade,assim se foi a paixão derrotada e nasceu o amor de verdade.
Amanheceu.

domingo, 20 de março de 2011

...

A métrica dá a medida e a medida dá o limite...o limite apenas limita quando a imaginação não permite.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pintura

Um retrato perfeito da realidade,uma tela pronta para a tinta da memória com cores de risos e saudades.

Feito um modelo me encaixo neste quadro,uma pintura polidimensional feita do certo e do acaso.

Uma cena parada na velocidade do tempo,nos traços de sua profundidade luz,sombra e movimento.

E com o infinito de cores misturadas em seu tanto,está feita a cor,a mesma cor da tela em branco.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Confissão.

O que é aquela coisa que faz da pressa a espera e me para quando é o momento de andar?
Que me prende os pés a terra,enraíza minhas idéias,não permite ir e nem pensar?

Como chama aquilo que se sente quando bem na sua frente o desejo faz querer?
E sumindo sutilmente vai-se tudo de repente,se vai ela,fico eu,vai-se ela sem saber.

De onde vem essa gentil dúvida se a certeza tão estúpida me arremete antes de sair?
E quando vai,foi-se o momento,resta apenas o sentimento,resta isso e eu aqui.

Confissão:

Sei o que é,sei o seu nome e sei de onde vem.
Ela não sabe!

Leitura

No lugar onde todos veem muito,tudo é muito pouco e o absurdo faz esboço para a surpresa do olhar.
Aonde as pessoas tudo escutam,todas notas se agitam em ritmo de canção de ninar.
Ali onde tudo é falado são tantos significados que sujeitos,verbos e predicados no papel os tentam explicar.
Explicar o que foi visto e escutado ,tudo desse amontoado para então aprender a falar.

domingo, 13 de março de 2011

Prelúdio

Respeitável público,

Basta olhar o passado para enxergar o presente,o pós-modernismo moderno,a evolução rápida,repetida e indecente.
O desatino criativo frente a falta de idéias provocando reações esperadas pela treinada platéia.
Basta render sua razão a toda força de seus instintos,não se preocupe em pensar e serás bem vindo.

Aqui a moral é a medida para diversão,aqui verás crianças brincando de adultos e adultos feito crianças com dinheiro na mão.
Não se assuste caso um lapso de indecência desça pela sua espinha,o remorso é curto e não atrapalhará sua alegria.

Também não se assuste com nossa violência,escolhemos os derrotados a dedo para que não atrapalhe sua consciência.
Terás como assunto para o dia a dia morte e corrupção,pois não temos mais clima para te dar na previsão.

Criaremos todo tipo de mentira para te emocionar,personagens fictícios que mostrarão como se vestir e como falar.
Lançaremos jargões para que você reze,repetindo suas palavras feito mantras de uma fé breve.
E para que a fé não seja pouca também lhe daremos um manual,acompanhado de uma pessoa que o explique do começo ao final.

É claro que permitiremos que você interaja neste grande espetáculo,temos vagas para figurantes,heróis e alguns palhaços.
Precisamos de você e precisamos tanto... que já temos seu papel,sentimentos e enredo prontos.
Organizaremos suas falas para que estude gradualmente com o passar da idade,faremos tudo para que aproveite esta obra sem ser confundido pela verdade.

Inicia-se agora o primeiro ato.
Boa sorte,aqui o espectador se senta no palco.


[abrem-se as cortinas].

Êxodo

Vamos embora daqui construir uma nova cidade,
faremos fortuna e seremos pagos com felicidade.

Não levaremos muitas coisas pois pouco é o que temos,
Levaremos mãos para calos e esperança para sonhos pequenos.

Dos nossos queridos que ficarão aqui,
a benção da mãe e abraços antes de partir.

Que a saudade seja grande e que eu a sinta todos os dias,
Que essa dor que começa para o retorno faça vigília.

E se lá por acaso eu vier a morrer,
Peço a Deus que o adeus seja até logo,até mais ver.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sentido

Descendo por aquela rua percebi ter de subir
pois de onde partia ainda teria de ir.

Parado naquela rua vi ainda outros caminhos,
A esquerda uma viela escura,
A direita uma casa pequena sem vizinhos.

No fim daquela rua encontrei o que eu queria para mim,
comprei um tanto daquilo e voltei por onde eu vim.

Subindo por aquela rua alegrei-me um pouco cansado,
A direita uma viela clara,
A esquerda um casarão lotado.

No topo daquela rua cheguei ao meu destino,
Dobrei a esquina ligeiro e segui em novo sentido.

Este era reto.

Amor,amor,amor e sorte.

Nasci três vezes nesta vida.
Uma de minha mãe,outra de uma flor e a última de uma couve que também era flor.

De minha mãe nasci pelado e ela me fez vestir.
Da flor nasci para tecidos perfumados que a couve me fez despir.

Nesta vida espero morrer apenas uma vez.

Honrando a mãe,
Cheirando a flor,
E comendo a couve.