quarta-feira, 30 de março de 2011

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...não importam os segundos,as horas,os dias e os anos.Não importa o tempo...as células que se desgastam e se refazem,estão distraídas trabalhando sem olhar para o relógio...

terça-feira, 29 de março de 2011

Ménage à trois.

Naquela casa moravam apenas três.
Ela,ele e a decepção.
Ela o amava e ele amava ela.
A decepção nada amava e esperava,esperava e esperava.

Ele perto da decepção a amava mais e ela perto da decepção fingia que tanto faz.
A decepção perto dos dois se decepcionava em paz.
Dois dali saíram e agora naquela casa mora apenas a decepção.
Ela e ele partiram em bodas para celebrar sua solidão.

sábado, 26 de março de 2011

Dissipação

Quando vi estava ali e incerta era a certeza ,era apenas o pedaço de um começo que começava a existir.
Era um aquilo daquilo que surgia,pedaço inerente ao que se repartia e que pensava sem elocubrar,raciocinando o que sentia pois era tudo que sabia sem definir ou especificar.

Isso sei pois o pouco que sei hoje não foi muito além daquele momento,era o que era, sou o que sou e o futuro é pensamento.
Entre calor e frio com transpirações e arrepios visto agasalhos e desnudo os sentidos,pois mesmo sendo e querendo,para o que acontece e está acontecendo dependo só do que preciso.

Contínuo e ritmado sigo incerto sempre estando lá ,sei que sou e sei que vou,vou e sou como o ar.
Carregado de poeira e de cheiros que não se podem enxergar,sou tão breve que já fui e quando sou vou dissipar.

terça-feira, 22 de março de 2011

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Um jardim precisa de boa terra,luz,água abundante e quiçá um Jardineiro.A chuva,o vento,os pássaros,as borboletas e as abelhas podem substituí-lo.

Verso de fada.

Quando acordei parecia que estava num sonho,
ao lado uma bela mulher e o meu teto um castelo de ouro.

Tomado por uma sensação leve assim me levantei,
tão leve foram meus passos que ela ficou e eu despertei.

Fazia um silêncio que escondia discretamente apenas dois sons,
lá fora um canto de passáros e dentro sua respiração.

Um vai e vem de brisas refrescando o amanhecer,
que revelado pelas cortinas fez sua face estremecer.

Qual seria o seu sonho e por que ainda não despertava?
Aos poucos a luz era muita e a hora também nos chamava.

Seriam as outras manhãs melhores que aquela?
Seria mesmo um sonho ou apenas a beleza dela?

Talvez fossem meus olhos revelando parte do que sou.
Guardei aquele momento,beijei sua boca e então ela acordou.

Bom dia!

segunda-feira, 21 de março de 2011

A noite negra da alma.

Anoitecer.

Uma vez me apaixonei mas estava enganado,não era paixão alguma,era meu ego desesperado.
Ela se foi junto com a minha suposta calma,fiquei eu e meu ego desesperado,sozinhos na noite negra da alma.
Escravo da minha tristeza não podia mais me enganar,fui obrigado a encarar minhas fraquezas para recomeçar a acreditar.

Madrugada.

Com a fé abalada tratava minha ferida,que a cada noite curada,amanhecia em carne viva.
Assim fui entre batalhas sem vencedor,somente eu,derrotado pela paixão que chamava de amor.
Enxergava ainda o horizonte e ele estava perto,sufocando meus passos errantes com um inevitável cenário deserto.
O fim , o meio e o recomeço ditava a luta contra meus golpes ideais.
E cansadas as minhas idéias,entreguei a espada mas a guerra jamais.

Amanhecer.

Passaram-se tempos que não eram dias e nem eram horas,aos poucos ontem e amanhã se transformaram em agora.
Surgia a aurora.
Encontraria minha calma buscando minha verdadeira vontade,assim se foi a paixão derrotada e nasceu o amor de verdade.
Amanheceu.

domingo, 20 de março de 2011

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A métrica dá a medida e a medida dá o limite...o limite apenas limita quando a imaginação não permite.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pintura

Um retrato perfeito da realidade,uma tela pronta para a tinta da memória com cores de risos e saudades.

Feito um modelo me encaixo neste quadro,uma pintura polidimensional feita do certo e do acaso.

Uma cena parada na velocidade do tempo,nos traços de sua profundidade luz,sombra e movimento.

E com o infinito de cores misturadas em seu tanto,está feita a cor,a mesma cor da tela em branco.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Confissão.

O que é aquela coisa que faz da pressa a espera e me para quando é o momento de andar?
Que me prende os pés a terra,enraíza minhas idéias,não permite ir e nem pensar?

Como chama aquilo que se sente quando bem na sua frente o desejo faz querer?
E sumindo sutilmente vai-se tudo de repente,se vai ela,fico eu,vai-se ela sem saber.

De onde vem essa gentil dúvida se a certeza tão estúpida me arremete antes de sair?
E quando vai,foi-se o momento,resta apenas o sentimento,resta isso e eu aqui.

Confissão:

Sei o que é,sei o seu nome e sei de onde vem.
Ela não sabe!

Leitura

No lugar onde todos veem muito,tudo é muito pouco e o absurdo faz esboço para a surpresa do olhar.
Aonde as pessoas tudo escutam,todas notas se agitam em ritmo de canção de ninar.
Ali onde tudo é falado são tantos significados que sujeitos,verbos e predicados no papel os tentam explicar.
Explicar o que foi visto e escutado ,tudo desse amontoado para então aprender a falar.

domingo, 13 de março de 2011

Prelúdio

Respeitável público,

Basta olhar o passado para enxergar o presente,o pós-modernismo moderno,a evolução rápida,repetida e indecente.
O desatino criativo frente a falta de idéias provocando reações esperadas pela treinada platéia.
Basta render sua razão a toda força de seus instintos,não se preocupe em pensar e serás bem vindo.

Aqui a moral é a medida para diversão,aqui verás crianças brincando de adultos e adultos feito crianças com dinheiro na mão.
Não se assuste caso um lapso de indecência desça pela sua espinha,o remorso é curto e não atrapalhará sua alegria.

Também não se assuste com nossa violência,escolhemos os derrotados a dedo para que não atrapalhe sua consciência.
Terás como assunto para o dia a dia morte e corrupção,pois não temos mais clima para te dar na previsão.

Criaremos todo tipo de mentira para te emocionar,personagens fictícios que mostrarão como se vestir e como falar.
Lançaremos jargões para que você reze,repetindo suas palavras feito mantras de uma fé breve.
E para que a fé não seja pouca também lhe daremos um manual,acompanhado de uma pessoa que o explique do começo ao final.

É claro que permitiremos que você interaja neste grande espetáculo,temos vagas para figurantes,heróis e alguns palhaços.
Precisamos de você e precisamos tanto... que já temos seu papel,sentimentos e enredo prontos.
Organizaremos suas falas para que estude gradualmente com o passar da idade,faremos tudo para que aproveite esta obra sem ser confundido pela verdade.

Inicia-se agora o primeiro ato.
Boa sorte,aqui o espectador se senta no palco.


[abrem-se as cortinas].

Êxodo

Vamos embora daqui construir uma nova cidade,
faremos fortuna e seremos pagos com felicidade.

Não levaremos muitas coisas pois pouco é o que temos,
Levaremos mãos para calos e esperança para sonhos pequenos.

Dos nossos queridos que ficarão aqui,
a benção da mãe e abraços antes de partir.

Que a saudade seja grande e que eu a sinta todos os dias,
Que essa dor que começa para o retorno faça vigília.

E se lá por acaso eu vier a morrer,
Peço a Deus que o adeus seja até logo,até mais ver.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sentido

Descendo por aquela rua percebi ter de subir
pois de onde partia ainda teria de ir.

Parado naquela rua vi ainda outros caminhos,
A esquerda uma viela escura,
A direita uma casa pequena sem vizinhos.

No fim daquela rua encontrei o que eu queria para mim,
comprei um tanto daquilo e voltei por onde eu vim.

Subindo por aquela rua alegrei-me um pouco cansado,
A direita uma viela clara,
A esquerda um casarão lotado.

No topo daquela rua cheguei ao meu destino,
Dobrei a esquina ligeiro e segui em novo sentido.

Este era reto.

Amor,amor,amor e sorte.

Nasci três vezes nesta vida.
Uma de minha mãe,outra de uma flor e a última de uma couve que também era flor.

De minha mãe nasci pelado e ela me fez vestir.
Da flor nasci para tecidos perfumados que a couve me fez despir.

Nesta vida espero morrer apenas uma vez.

Honrando a mãe,
Cheirando a flor,
E comendo a couve.